Os problemas entre os seres
humanos, diferente do que nos contam no mito da torre de Babel, não são apenas
linguísticos,
são de fé. Aqueles que acreditam que só a sua língua, sua cultura, sua religião
são a verdadeira, e as demais estão erradas. Aqueles que não conseguem apenas
se encontrar com a cultura, língua e religião do outro e perceber diferenças, e
não inferioridade. Se há um deus que diz que é a verdade, esse deus
provavelmente guiará seus fiéis a destruir os outros que não acreditam na
'verdade' única, indiscutível e indubitável. Não há outra verdade se não a dele,
e o contrário da verdade é mentira. Chamar todo resto do mundo de mentira,
deslegitimando toda a diversidade cultural, é, no mínimo, caótico. Do homem
bomba ao pastor que diz 'respeito todas as religiões, mas meu deus é maior', a
linha que separa o poder da bomba do poder do discurso é igualmente devastadora
para a humanidade. Só a cultura expulsa a arrogância das pessoas.
Toda a vida de uma sociedade
múltipla e diversa, como a brasileira atualmente, depende das decisões dos que
falam de política – algo que é comum e influencia na vida de todos – em nome de
uma fé que não é comum a todos. Fazem da bíblia constituição, limitam os
humanos que tem direito aos direitos humanos em nome de deus, justificam o
fascismo vigente dentro do congresso em nome da vontade de deus. Para manter o
Brasil, em 2016, um país conservador, capitalista e cristão, seguindo a moral e
os bons costumes da família tradicional brasileira, que cala e oprime mulheres,
LGBT’s, a classe trabalhadora e práticas religiosas não cristãs, os deputados
evangélicos se unem numa bancada para liderar o país, não pelas pautas sociais,
mas para que ‘deus seja louvado’. Pouco importa de qual panteão esse deus que
vem louvado no dinheiro seja, deus precisa ser cassado.
Trecho do livro 'Não Se Nasce Malévola, Torna-se: A Representação da Mulher nos Contos de Fadas', saiba mais clicando aqui.
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