Num ócio (nada) criativo, ao som de Pouca Vogal, estive revendo anotações nas paredes de meu quarto. Cada palavra assume sentimentos inversos, intensos, e sozinhas dizem mais do que a própria frase em si, porque hoje não me apetece ouvir o que já sei. E mais uma vez, sobre mim cai a necessidade de refazer laços, ou melhor, recortar laços, em paráfrase distorcida a Amy Winehouse, se minha mãe acha que eu não preciso de ninguém...
É um momento básico da vida, onde a rotina se impregna nos meus sonhos, e a realidade me afoga. TUDO torna-se inocuamente insuportável para os outros, e para mim exclui-se o inócuo. E nesse aspecto, minha mãe tem razão, eu não preciso de ninguém, ninguém que consiga suportar os meus medos, minhas manias, ninguém que queira me entender (ou não), que queira me aceitar. É só um sonho imerso no cotidiano.
Repara! Quase toda música do Teatro Mágico também tem esse poder das palavras na minha parede, exceto o mundo que se configura e remete ao meu jardim com uma rosa só. E às vezes o mundo tenta se projetar como deve ser, perfeitamente como deveria estar, surge no meio de qualquer aspecto cru da verdade, mas logo se esvai, como todo bom devaneio que se esfumaça sob a esmagadora força da rotina.
Não buscando os feitos heróicos ou a majestade magnânima de um Império DEVASTADO, havia por trás da imponência uma rosa, delicada, clara, diferente da complexa forma que assumia o seu castelo, o nosso castelo. Por fim, o silêncio que assumiu o lugar da imperatriz já não me incomoda mais, não de forma catastrófica, a ponto de invadir meu escudo de vodka e navalhas, porque meus sonhos aprenderam a nadar, e tentam ressuscitar a imperatriz nos espaços crus da realidade.
Teatro Mágico - Nosso Pequeno Castelo
Silêncio. Amanhecerá de novo em nós?
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