sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Cortinas

Faltou doçura
Um enigma debaixo da terra
Gemeu poemas
Ligeiro, abriu a porta
E a janela
Cortinas em chamas
Ligou pra ela
_ Te apressas, que a vida é curta
_ Dá-lhe com tapas, rapaz
Não me importunes
_ Acanho-me em teus estalos, chama ardente
_ Não me aporrinhe, cabra
Deixe-me dançar
_ Pois dance livre, chama querida
Não hei de lhe censurar
Ensejo em ti
Livre e bela
A desconstrução
Devolve a terra o que relega
Das cinzas, reconstrução
Meu medo, pois
Enxuta e terna
Suas formas insistem em me queimar
O vento sopra
Suas curvas e mazelas
Desfaz meus tecidos na janela
Não se inquiete com meu querer
Nem contra minhas cortinas vá se vingar
Elas avisam quando o vento me espreita
Para me levar e me guiar
Deixe-as, dama do fogo
Deixe-me escravizar
Meus sonhos calçam-me os pés
Não me obrigue a voar.
_ Ora, tenha modos, homem
Afinal, não queres livres ser?
_  O amor é meu fardo
Com ele devo conviver.
Talvez não queira voar com o vento
Que me mantém longe do chão
Mas não me impede de entristecer
Chama inócua - a revolução
Se o vento me leva para longe
Onde nem o Sol me pode ver
Talvez eu prefira andar sonhando,
Do que voar, sem no amor crer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário