sábado, 27 de setembro de 2014

TODOS temos preconceitos

Em um pequeno estudo, baseado em leituras de artigos e blogs, discussões e análises de vídeos e jornais, e, principalmente, observação de comportamento, nota-se, sem muito esforço, o grande fator que complica as relações entre os movimentos sociais: o ataque destrutivo. Vou elaborar. Quando você se encontra num grupo social discriminado por outro grupo, há, obviamente, uma necessidade de um ataque, para garantir os direitos e legitimar seu grupo e suas práticas perante o outro, mas o ataque que me refiro é aquele que para legitimar um estilo de vida, deslegitimamos outro.

Parece bobagem, mas há uma triste contradição que assola o seio dos nossos movimentos em prol da liberdade e da diversidade. A diversidade prega o respeito as diferenças. Movimentos negros, LGBT, feministas, etc. procuram conquistar seus direitos legais e uma real transformação do pensamento social, mas toda vez que usamos homem, hétero, branco, cis, evangélico como termos ofensivos, desvalorizando esse cidadão, sua opinião e todo o seu grupo social, não estamos sendo iguais aos que nos tratam com desprezo por sermos mulheres, pobres, gays, trans, negros, "macumbeiros"? Quando não é pior, e esse tipo de ataque destrutivo acontece entre os próprios grupos, tidos como minoria. Quando um gay diz que tem nojo de mulher, quando uma mulher não aceita uma mulher trans no seu grupo feminista dizendo que ela não é "mulher de verdade", vocês percebem o que fazemos? Segregamos e, consequentemente, perdemos forças em nossas lutas. A liberdade, os direitos iguais e o respeito a diversidade são pautas universais, estão guiando todos os movimentos de "minorias", em busca da tão sonhada transformação social. Queremos o fim do privilégios para um grupo seleto, queremos direitos iguais para todo ser humano, queremos o fim dos preconceitos, da inferiorização por gênero, identidade de gênero, classe social, religião, cor ou sexualidade, o fim das violências físicas, morais e psicológicas, queremos ser respeitados, aceitos e livres para sermos quem somos e fazermos nossas próprias escolhas. Por que precisamos atacar os demais grupos, com as mesmas armas que queremos que parem de nos atacar?

Nenhuma causa precisa menosprezar outra para ser valorizada. Nenhum problema pode ser considerado inferior, para que outro seja considerado mais importante. Não precisamos negligenciar ou ferir nossos companheiros de outras lutas sociais, para legitimarmos a nossa luta, inclusive, o grupo que não se encaixa na "minoria". Não há necessidade de odiarmos evangélicos, homens, héteros, brancos, cis e a classe média. Devemos inseri-los em nossas causas, convidá-los a entender que todos merecem direitos iguais, a nos respeitar e nos olhar como iguais, não como seres inferiores, devemos chamá-los a lutar conosco, não uns contra uns outros, mas contra um pensamento construído por séculos, propagado de geração em geração, de forma binária: uma verdade, o certo e o errado, o homem e a mulher, se impregnando em nossos costumes, em nosso comportamento e que precisa ser desconstruído. Nossa luta não é contra outros grupos, nossa luta é contra a reprodução de preconceitos e costumes discriminatórios, que TODOS NÓS temos, pois fomos criados assim. Fomos acostumados a "estranhar" o que nos é diferente, a chamar o que foge dos padrões que chamamos de beleza, de feio, foi um processo longo de construção e hegemonização de um pensamento. Por isso, não se sinta envergonhado de se pegar, eventualmente, sendo machista, racista, intolerante de certa forma, porque aprendemos a viver assim, mas sinta vergonha se se perceber intolerante e não rever seus conceitos, não se desconstruir, para desfazer seus preconceitos. Preconceitos não devem ser reproduzidos, novos conceitos devem ser produzidos.

Volto a ser repetitiva, mas a resposta contra intolerância não pode ser a intolerância, porque vamos apenas continuar a nos odiar se não aprendermos outras formas de lutar pelos nossos direitos, sem precisar alimentar o ódio que já existe em demasia. O que queremos é AMOR. A DESCONSTRUÇÃO de si para rever e recriar conceitos, e assim reconstruir toda uma sociedade com base na diversidade e liberdade é AMOR! Destruição de outros grupos e causas, não é!

#cadêoamor #aguardem

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