Antes do amanhecer, lembre-se de perguntar seu nome. Quando amanhecer, esqueça-a, e continue vivendo, sem passado, sem esta noite, e tudo vai ficar bem. E dançamos juntos, abraçados, a noite não iria nos repreender. E dançamos como os raios dançam no céu. E voltamos no tempo, para bons tempos, e a Lua não era tão assustadora assim. E dançamos, até a Lua se apagar, dançamos até o dia clarear. Então ela me deu a mão, sorriu e disse tudo o que eu guardo em meu coração. Ela pousou seus olhos sobre os meus, e me embriagou de paixão, as palavras fugiram, eu não conseguia parar de sorrir. Então a multidão se afastou, e acanhou o meu coração. Eu soltei a sua mão. E sorrindo, ela me olhou, se despediu e se foi.
Dentro de mim, um furacão de sentimentos devastava minha vida. Eu não fui atrás dela. Meu Deus, por que eu não fui atrás dela? Por que eu soltei a sua mão? Eu não sabia o seu nome. E ao me deitar não conseguia dispersar a sua imagem, não conseguia sentir os meus pés tocarem o chão. Eu não sabia o seu nome. E a música ainda tocava dentro de mim, assombrando meus sonhos, despertando as lembranças de seu corpo junto ao meu. E a noite se foi, com a Lua e a música, a noite se foi. Você ficou. Você ficou cravada aqui, sem conseguir descer, sem conseguir sair. Você, simplesmente, não ia me deixar mais viver. Por que eu soltei a sua mão? E toda noite me lembra àquela. Toda Lua me lembra àquela. E qualquer canção me faz chorar.
Eu nem sei o seu nome. Eu não sei o seu nome. O lugar estava cheio, a multidão não era a favor de nós. Eu precisava ter um nome para chorar. Eu precisava ter um nome para lamentar. Então, me lembrei de que fui amaldiçoado no amor, pelos mesmos gloriosos invencíveis que me fizeram acreditar em contos de fadas. Então você ganhou um nome, você ganhou uma história. E ainda tenho passado, e o passado atormenta minhas memórias. Seu rosto ficou gravado em minha mente, sua voz em meus ouvidos, seu sorriso em minha boca, seu corpo em meu corpo, e você deixou algo muito estranho em meu coração. Ainda posso dançar pensando naquela noite, ouvindo àquela canção. Mas ainda estou inquieto, algo me machuca aqui dentro. Algo me apedreja. Não quero esquecer o seu rosto, os seus olhos, não quero esquecer o seu sorriso. Eu sei que eu vou sofrer. E se tudo acabar, que reste a música, ela é tudo que pode, é tudo que deve restar.
03/11/2010
Texto maravilhoso!
ResponderExcluir