[AVISO DE GATILHO: suicídio]
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Eu atravesso uma ponte, todos os dias, do trabalho pra casa, da casa pro trabalho.
A ponte tem tanta representação, de conexão, de diálogos, de encontros, às vezes quando eu passo vejo a Lua brilhando linda e seu reflexo sobre as águas. Sinto vontade de sentar ali mesmo na ponte, e admirar a Lua mãe e tentar decifrar sua alma.
Às vezes, eu me pergunto se demorariam a encontrar meu corpo, no fundo do rio, depois de eu pular.
Será que deixaria minha mãe desesperada por não saber o que aconteceu, caso a correnteza me levasse e não pudessem me achar.
Será que eu morreria logo, ou agonizaria dias na cama de um hospital
Será que as toxinas do meu corpo seriam fatais para aquele ecossistema
Será que a Lua teria dó ou não brilharia onde a morte veio estragar a paisagem....
Eu já atravessei passarelas, viadutos
Túneis e vielas
Antes eu atravessava o trilho de um trem
Ou precisava esperar o metrô da linha 2
Agora atravesso uma ponte....
Eu já morri muitas vezes nessa vida
Em nenhuma consigo parar de morrer.
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