quinta-feira, 12 de abril de 2018

TEPT ou o túmulo/prisão do meu corpo

Eu não gosto do meu corpo
Não me sinto dona de mim
E não que tenha nascido no corpo errado
Eu só estou presa nele
Mais especificamente 
Nas marcas que restam do que fizeram com ele
São lembranças de passados malditos, que me trazem o desejo de morte, de corte, de escapar deste corpo, deste lugar
Pra conseguir respirar
E me sentir normal
Porque eu nunca me senti normal
Não que me sinta anormal
Não me sinto bem
Não me sinto uma pessoa
Não me sinto dona de mim
Do meu andar
Do meu falar
Do meu olhar
Do meu reflexo no espelho
Do meu não
Não me sinto pertencente à este lugar
Porque ele me prende
Nas correntes invisíveis que dizem como ele deve ser
Nas paredes apertadas que me enfiaram e querem me fazer caber
E eu estou presa
Sufocada
Eu preciso me libertar
Rasgar a pele
Pra revelar
A alma rasgada
A alma deformada pelos apertos para caber, onde não cabia
Cheia de feridas abertas
E sonhos roubados
Estraçalhada
Não há mais nada a salvar
Não me sinto uma pessoa
Me sinto um dejeto
Uma desgraça
Um pedaço de carne mal passada atirada aos cães de rua
E até os cães rejeitam
E vomitam-me
Eu preciso morrer
Porque o corpo matou tudo dentro de mim
Só restou ele, este lugar
Que prende o cadáver de uma alma
Junto com seus sonhos mortos pela vida

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