quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Translado na cidade maravilhosa
Meu ônibus passou ao lado de um acidente, eu nunca olho, mas não tinha como não ver. Tinha sangue por toda parte. Eu estava lendo uma notícia de um estupro e torcendo pro meu ônibus bater só pra eu morrer. Aí vi todo aquele sangue no chão, a vida que se perdeu na estúpida pressa do motorista carioca. Tive mais raiva ainda. Quis morrer também. Talvez alguém desse minha falta e fosse legítimo, mas sinceramente não me digno sequer a me importar. Querer morrer é pra dor se esvair e não pra começar. Com essa conclusão compreendi a morte, entendi tanta gente que eu amei e se foi. O coração ta apertado, angustiado, despreocupado com o sentimento dos outros, mas quem sabe isso seja uma coisa boa. Eu me machuquei quando o ônibus freiou, torci amargamente pra morrer logo e não ficar sentindo dor. Perder tudo, todos, perder até mesmo a confiança em mim. Eu queria mesmo era não ter que acordar cedo pra ser tão infeliz.
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Escritora, videomaker e produtora
cultural, aspirante à profissional de
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experiência em escrita criativa,
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