Que morte horrível
Assassinada
Pouco a pouco por aqueles que amava
Pelo país pelo qual lutava
Pelos amigos que dedicava o tempo
Pela arte que lhe fazia verbo
Primeiro veio a mãe
Foi coberta de penas
Compaixão
Caridade
Abraça-la era pagar inteira pro céu
Sem baldeação
Sem purgatório
Caridade era o que faziam
Quando lhe fingiam carinho
Quando lhe fingiam ouvidos e ombros
Quando lhe fingiam ter voz
Ela não era como gente
Tampouco sabia
Sempre foi um entrave
Do voo que podia alçar
Mesmo que rasgasse a pele
Sua alma não podia escapar
Nem respirar sem ser sufocada
Nem conviver consigo
Sem se incomodar
Tinha muitas vozes dentro dela
Gritando sem harmonia
E sem parar
Pontiagudas mordidas lhe cortavam por dentro
E a vida começou a lhe machucar
Tampouco sabia
A verdade que nunca soube ver
Seu corpo era uma gaiola
E ela prendia todos os pássaros do mundo.
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