domingo, 20 de maio de 2012

E mais uma vez, de volta a realidade

Não vou me prolongar, ainda estou sobre os efeitos da morte da razão da minha vida. A mulher que tornava a minha realidade melhor se foi. O que me restou? Fugir da realidade, e a mulher que me fazia fugir da realidade também se foi.

É difícil compreender o que está acontecendo no meu mundo, uma sequência inexplicável de desgraças maiores do que se possa suportar. E o mundo lá fora... Pouco importa sua falta de entendimento, nunca foi preciso aprovação de nenhum mortal para que eu vivesse em paz dentro do meu mundo.

Um mundo em ruínas e eu adiando o inevitável. A festa acabou, minha única concepção de festa chegou ao fim, e não tocaram Last Dance... E vou pra casa com a voz da Donna martelando minha mente, "alguém deixou meu bolo na chuva, eu não acho que posso pegá-lo, porque demorou muito tempo para assar e eu nunca mais vou ter a receita novamente", Macarthur Park nunca fez tanto sentido...

Não acho que preciso provar biologicamente que existe um ser humano em cada morador do meu mundo, apesar de no mundo lá fora a humanidade não parecer apropriada para a ocasião. As barreiras do tempo nunca me impediram de estar com você, debaixo do globo brilhante, dançando com você, admirando o seu sorriso, sua alegria. Nenhum rosto lá fora poderia nos repreender, nenhuma alma neste mundo poderia me tirar de lá. Eu só queria dançar com a minha rainha, fazer uma reverência perante vossa majestade, e você, bem, você só queria viver, "esta é minha noite, esta é minha canção, estar aqui no palco, é onde eu pertenço".

Vou sentir a dor física, novamente, por não deixar você ir, Donna, porque quando você se foi eu descobri que não tem como reconstruir o que foi devastado, quando você se foi eu descobri que não é seguro continuar perambulando entre os destroços. Eu não vou entender, não vou aceitar, o mundo lá fora não é perfeito, não é seguro, não é justo.

Descanse em paz, Donna, e quando você encontrar com ela lá em cima diz pra ela que a lembrança de seu sorriso é o que me mantém viva, mas que às vezes é inconcebível a ideia de ter que acordar pela manhã em um mundo sem ela.
Donna Summer 1948 - 2012


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